Nada como uma viagem turística ao Egito para adquirir conhecimentos que enriquecem nossa cultura aleatória. Falo de conhecer melhor os camelos, saber sobre a experiência de os homens casarem ao mesmo tempo com várias mulheres, entender as virtudes fiscais de residências inacabadas e aprender a fazer múmias.
Estas são algumas das muitas boas memórias de nossa viagem de navio pelo Nilo, logo depois do evento de aproximação comercial do Brasil com o Egito durante o último WOCA. Tivemos muitos momentos agradáveis, então, há muita coisa a contar. A companhia de tantas pessoas interessantes durante a viagem não tem preço. Amizade que perdura e nos une.

Momento mágico
Depois do lento passeio com a felucca [espécie de barco à vela tradicional de madeira] pela outra margem do Nilo, Hosan ancorou a embarcação e sem que esperássemos, pegou aquele pandeirão egípcio e, em um ritmo compassado, começou uma cantilena em árabe acompanhado de seu ajudante. Ainda estávamos segurando as canecas de chá de hortelã quente que o a ajudante tinha preparado pouco antes. O sol estava se pondo, fim de mais um dia quente. “Isso é hospitalidade egípcia”, comentou nosso guia. Ao largo, víamos algum gado pastando nas pequenas propriedades à beira rio e muitas aves.

How much? Em dólares ou libras egípcias?
Estávamos em navegação tranquila com o navio Esmeralda pelo Nilo e de repente há uma agitação externa e vimos dois barcos se aproximando e, com certo esforço, enganchando no navio. Piratas? Não, comerciantes ou mascates do Nilo que desejavam vender roupas. As condições são desfavoráveis para o vendedor que está em um barco no rio, enganchado e arrastado pelo navio enquanto as compradoras potenciais estão no deck superior, quatro andares acima. É início da noite. As roupas embaladas em sacos plásticos são atiradas com força para cima, para o deck.
Caem em vários lugares. Para facilitar a escolha, vários saquinhos de roupas com cores e modelos diferentes são jogados para o deck do navio. Aí começa a negociação. A compradora olha um, olha outro, experimenta, depois quer saber quanto é, negocia, propõe preço menor, o vendedor grita um preço intermediário. Quanto se for em dólares? A compradora escolhe duas roupas e devolve as peças que não quer jogando de volta os saquinhos da roupa que sobrou, junto com dinheiro. Às vezes, um saquinho cai no rio e é recolhido rapidamente pelo barqueiro-mascate do Nilo. A vida não está fácil para ninguém.

Surpresa!
Uma manhã, depois do café matinal, voltamos para a cabine e encontramos sobre a cama, as toalhas de banho dobradas como se fossem duas cobras empinadas, uma em frente da outra. Os cabineiros exclamaram alegres: surpresa! Noutra manhã apareceu um ganso super caprichado. Na manhã seguinte era um macaco de toalhas amarelas dependurado em um cabide, balançando. E sempre estavam à porta os cabineiros alegres com nossa surpresa. Impossível resistir ao riso e a curiosidade de esperar a próxima. Tiramos boas fotos das surpresas.

Camelos
Na verdade, os dromedários que montamos no Egito para tirar fotografias são muito bem bolados. Andam carregados por mais de 150 km sob o sol do deserto sem tomar água. São uados pelos exércitos há muitos séculos como arma de guerra. Provavelmente não seria viável a vida no deserto sem o trabalho dos camelos. Aproveita-se tudo do camelo, o leite, os pelos, a pele, as fezes, a carne, os ossos. Vivem uns 60 anos. São tão valiosos que servem como dote em casa- mentos. Mulheres são trocadas por camelos, algumas valem de 20 a 40 camelos. A minha eu trocaria por no mínimo 100 camelos. Mas, pare de pensar o quanto vale a sua esposa.

Mais de uma esposa
No Egito e em vários outros países muçulmanos é possível a um homem ter até quatro mulheres ao mesmo tempo. O diretor de uma indústria cimenteira que jantou conosco contou que tinha 200 empregados, muitos deles solteiros, mas precisava pagar auxilio hospitalar e de saúde para 219 esposas. Mas não é tranquilo, para casar outras vezes o marido dever ter permissão da esposa mais velha. Todas as esposas devem receber benefícios e atenção do marido mais ou menos do mesmo modo. Estou achando melhor o sistema ocidental, por enquanto.

Residências inacabadas
Se você achar estranho encontrar tantas casas inacabadas, sem telhado, sem pintura, com colunas aparentemente soltas no piso superior, saiba que isso é pura sabedoria ou esperteza dos moradores. Pela lei egípcia as prefeituras não podem cobrar alguns impostos sobre residências inacabadas e elas ficarão assim para sempre.

Para fazer uma múmia
Encontre um corpo morto e o lave. Faça um corte na barriga e tire todos os órgãos internos como fígado, pulmões, tripas, e os separe em jarras distintas. Tire o coração e reserve em outra jarra. Com um gancho curvo faça um furo no nariz até atingir o cérebro e amasse os miolos até virarem uma pasta que será totalmente retirada pelo nariz. Estamos no meio do projeto de múmia. Preencha o vazio do corpo com palha seca e serragem. Recoloque o coração em seu espaço. Em seguida cubra o corpo com sal por pelo menos 40 dias até que ele fique seco. Vamos embalsamar a múmia. Lave novamente e cubra o corpo cuidadosamente com bandagens envoltas em resinas. A resina é feita com um óleo vegetal como óleo de gergelim, uma planta do tipo “bálsamo”, uma goma à base de plantas que pode ser extraído da acácia e resina de pinheiro. Quando misturada no óleo, a resina possui propriedades antibacterianas e protege o corpo da decomposição. Pinte uma máscara digna do falecido, coloque-a na área da face e a cubra também com bandagens. Amarre tudo com cordas e pronto você já tem sua múmia pronta para o enterro. Múmias dos faraós, nobreza e altos funcionários eram enterradas com objetos, joias, alimentos, ferramentas pois esperava-se que retornassem depois da morte. Isso mais de 2,5 mil antes da era cristã. A crença na ressurreição após a morte existia em muitas civilizações muito antes de Cristo

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