A tecnologia deu ao mundo, nas últimas décadas, muitas preciosas contribuições. Uma delas, sem dúvida, é o aumento exponencial da capacidade de gerar, armazenar e distribuir informação, sobre qualquer campo do conhecimento humano. O problema é que o nosso “software” de fábrica, ou seja, a nossa capacidade mental de compreender e transformar toda essa massa em ação estratégica, evolui ao ritmo de Darwin.

Daí que muitos especialistas – sociólogos, comunicólogos, filósofos, psiquiatras, etc – já observam os sinais de uma angústia crescente tomando conta da nossa geração, sobretudo entre aqueles incumbidos de liderar inovações, conduzir negócios estratégicos. É uma sensação dicotômica, de paralisia efervescente: congela e corrói constatar que há tantas possibilidades e tanto caminhos por onde seguir.

Falando especificamente das ciências do consumo e do comportamento do consumidor, temos hoje um sem-fim de possibilidades de modelar dados, construir análises, encontrar tendências. Os PoS registram tudo, as ferramentas de Geomarketing mapeiam cada milímetro do planeta, os satélites rastreiam até o movimento da respiração do nosso consumidor. Mas e aí? O que fazer com isso? Por onde começar? E a pergunta mais importante de todas: onde investir aquela verba suada, pela qual seremos cobrados?

Neste contexto, as empresas de pesquisa não devem ser mais vistas como meros fornecedores de coleta ou processamento de dados. Claro, vai sempre haver aquele projeto mais específico, de contornos pontuais, puramente táticos, mas para todas as necessidades mais complexas, aquelas que viram o jogo, a aliança com seu parceiro de pesquisa vai ser cada vez mais uma ferramenta poderosa, da qual não se deva prescindir. A experiência, o acúmulo de projetos com seus acertos e erros serão cada vez mais necessários para diminuir pelo menos um pouco a distância entre o universo ilimitado dos dados e a capacidade de compreensão e transformação pelo nosso software mental.

A palavra-chave é “curadoria”, que vem do latim curator, ou aquele que administra com cuidado, com apreço. Nessa nova realidade, o pesquisador será cada vez mais o curador de toda massa de informações – primárias ou estocadas – dispersas, e poderá empregar toda sua vivência acumulada no sucesso dos negócios de seus clientes. Ou, em outras palavras, o pesquisador vai ser aquele que, com cuidado e apreço, dissipará as nossas angústias.

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