Em tempos difíceis como os atuais o dinheiro fica escasso, os negócios minguam e logo uma tentação ardilosa começa a soprar nos ouvidos de todos nós: é preciso baratear todos os custos. Tudo bem quanto a isso, nada de errado. Racionalizar o que se gasta é sempre um exercício saudável, mas há um limite. Todo mundo já ouviu aquele chavão que diz que o barato sai caro.

Em pesquisa, o barato não apenas sai caro como pode significar literalmente jogar o dinheiro no lixo. É evidente que o desafio pós-pandemia é enorme para todos os setores no Brasil. Ao mesmo tempo que falta dinheiro se impõe a necessidade de entender o novo consumidor que emerge desse desarranjo, com suas dores, necessidades e gatilhos completamente transformados. Da equação entre fôlego financeiro curto e necessidade de pesquisar o novo mercado tem resultado muitos projetos fajutos, que não levam a resposta nenhuma e, pior, podem induzir a erros crassos.

Funciona assim: o cliente busca o fornecedor de pesquisa com um briefing enorme, mil dúvidas e diz logo que o orçamento é apertado. O fornecedor não quer perder de jeito nenhum a oportunidade de pelo menos ter um respiro no seu fluxo, pagar as contas. Faz, então, a primeira versão de uma proposta, garantindo o mínimo de qualidade e controle. A proposta soa cara ao cliente e aí começam as adequações. Corta isso, diminui aquilo, revê escopo. O fornecedor tenta alertar que, desse modo, não responde mais ao briefing. O cliente retruca: sendo assim, não fazemos! O fornecedor recua e assente. Está feito! Promete o que não vai cumprir e, de certo, fará seu último projeto para esse cliente, que na entrega vai se dar conta de que gastou mal o pouco dinheiro que tinha.

Há, porém, um outro desenlace possível para essa história. Em algum ponto o fornecedor de pesquisa pode dizer: daqui não passamos! Estabelecer um ponto de inflexão é a melhor maneira de mostrar ao cliente o quanto a qualidade técnica e a expertise de profissionais qualificados são virtudes inegociáveis em uma empresa de pesquisa. É preciso ter vigor e visão. Pode-se perder um projeto agora, mas ganhar dez lá na frente. O que não se perde agindo assim é o respeito dos clientes, o prestígio no mercado. Assim se faz uma história longeva. Assim se superam as crises.